aibun
2 min readDec 19, 2022

um dia, entre eucaliptos, te contarei as frases impublicáveis que escrevi pensando em você, as palavras que não deveriam ser proferidas em primeiros encontros, mas que eu disse para pessoas que não eram você. me pergunto às 03:01 de 19/12/2022 se você sorrirá ou se me julgará. pouco importa, pouco me importa. antes de te amar, eu tentei amar outros. alguns tinham toques que se assemelhavam aos seus, outros o sorriso, poucos me lembravam o seu olhar, mas diminuiam a falta que você sempre me fez, amenizavam a dor de sua ausência, mas sempre chegávamos ao momento em que, apesar dos toques, sorrisos e olhares nada amenizava a sua ausência. as semelhanças eram quase suficientes para te suprir — quase —, mas eles não eram você. que pessoa má coloca o peso de ser outra pessoa em alguém? eu. você me julga? eu me julgo. eu me julgo por sair tentando e, ao tentar, machucar outros, mas hoje me culpo menos, porque tento acreditar que estão todos em busca de alguém. eu te buscava e por isso machuquei pessoas que buscavam alguém. alguém que talvez eu lembre o modo de digitar, o modo de tirar os cachos do rosto ou, sei lá, alguém que misture chá de hortelã com toddy e ache a coisa mais maravilhosa do mundo como eu. não sei, mas às vezes, raras vezes, procuro em meus trejeitos traços de outros alguéns que pudessem chamar a atenção dessas almas que ansiavam por alguém que não sou. me divirto com os retalhos de outras pessoas que me constituem, e rio da tristeza que sentíamos por amar porcentagens de pessoas que buscávamos. a tristeza de insistir em nos fazer acreditar que o pouco do amor nos bastaria. não me basta, não me conformo. se não for você, não serão pessoas que vagamente te lembram.